domingo, 24 de fevereiro de 2013

Querendo entender: Corinthians e Boate Kiss



A venda de sinalizadores é livre no Brasil. E item obrigatório para qualquer embarcação, trata-se de um artefato de emergência. No entanto, é de alto risco e os fabricantes alertam para os danos que podem causar.  No Brasil, o produto tem que ser aprovado pelo Ministério da Defesa.
Se houvesse uma revista adequada dos torcedores, seja no   Estádio Jesús Bermudez, em Oruro, na Bolívia, ou nos estádios brasileiros, não estaríamos lamentando a morte do torcedor Kevin Espada, de apenas 14 anos.  
Éo momento de adotar medidas mais drásticas no controle da venda destes artefatos?
A venda de alguns medicamentos é controlada, com emissão de receita por um médico, apresentação de documentos na hora da compra e seus dados ficam registrados numa cópia da receita, detida na farmácia. A indústria farmacêutica tem a responsabilidade de distribuir adequadamente seus produtos e as farmácias/ drogarias de comercializá-los, sendo penalizados, caso façam a venda sem receita médica. Medicamentos podem provocar dependência ou causar danos a saúde, quando ministrados erroneamente, sem receita médica, ou em doses elevadas. Único prejudicado: o paciente.
Artefatos como sinalizadores, são importados ou fabricados no Brasil e vendidos livremente no comércio. Se o uso é obrigatório para embarcações, que devem estar com seus registros atualizados e seus marinheiros habilitados, por que não se utilizar das mesmas exigências que se tem para aquisição de medicamentos?
Um único  sinalizador provocou a morte de mais de 230 jovens na Boate Kiss, em Santa Maria. O vendedor da loja, em que o representante da banda adquiriu o produto, sabia que o uso seria inadequado, por que vendeu? Porque não tem “responsabilidade” nenhuma sobre as conseqüências.  Se houvesse uma obrigatoriedade de apresentação de documentos por parte do comprador e de responsabilidade por parte das empresas que vendem artefatos como sinalizadores, isto não teria ocorrido.
Quanto ao caso do Corinthians, se os torcedores se deslocaram utilizando transporte aéreo fica um importante questionamento e alerta: Como não foram detectados estes sinalizadores?  Lembrando que A Copa das Confederações está a poucos meses de ser realizada. E no aeroporto boliviano, também não houve fiscalização?
Segundo informações, o uso de sinalizadores nos estádios bolivianos é proibido, mas a torcida do San José também utilizava estes artefatos, cadê a fiscalização do estádio e a punição para o time boliviano?
Esse fato, assim como da Boate Kiss, pune parte dos envolvidos. Porque no caso Corinthians, o San José deveria ser punido pelo que aconteceu dentro do seu estádio. A policia local mostrou total ineficiência  por deixar que as duas torcidas entrassem com estes artefatos. Os aeroportos e seus órgãos de fiscalização, no Brasil e na Bolívia, também foram incompetentes.
Quanto a Boate Kiss, como os Bombeiros, a Prefeitura e os demais órgãos envolvidos admitiram o funcionamento de uma boate num prédio que não atendia as exigências estabelecidas, ou que freqüentemente, tinha um público maior que o permitido?
Quando se faz uma compra no famoso crediário, em caso de atraso da parcela você recebe em sua residência, um “lembrete”.  Passado mais um “X”  número de dias, recebe uma cobrança. Por que as prefeituras, Bombeiros e outros Órgãos não possuem um sistema como este? Que emita um alerta para empresas e não havendo  entrada de documentos para regularização, num período estabelecido, que seja emitido um novo documento estabelecendo um prazo limite.  Expirado o prazo, que seja emitido um alerta para os órgãos competentes, para que os mesmos tomem as medidas cabíveis.
Fica a pergunta: O que está faltando para que episódios como esses deixem de ocorrer?

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