sábado, 6 de fevereiro de 2016

Plano de governo, tecnocrata ou participativo?
O primeiro ponto a ser considerado na elaboração de um plano de governo, é a qualidade de vida da população, contemplando temas como: planejamento urbano, saúde, educação, emprego, habitação, lazer, meio ambiente, turismo, cultura, segurança publica, desenvolvimento social, mobilidade urbana, entre outros. Essas temáticas devem ser exaustivamente discutidas, com os munícipes, que conhecem os principais desafios e necessidades de adequação das políticas públicas.
O desafio é olhar o macro e não o micro, ou seja, as questões que são comuns a maioria e não os problemas pontuais, de uma rua ou de um bairro, o  planejamento deve ser  para uma região, equalizando os interesses pessoais e coletivos. Lembrando que o foco são as questões que atingem, principalmente, aos cidadãos menos privilegiados, que sofrem maior influência do meio em que vivem.
O planejamento participativo dá uma obrigatoriedade de continuidade das ações implantadas ou daquelas que estão em processo de implantação, mesmo que haja uma troca de gestor. Só o poder da população para garantir a continuidade das ações, através do  sentimento de que aquela necessidade é de cada um e que o gestor será cobrado efetivamente, se fizer manobras politiqueiras.
Para os políticos, essa falta de participação dos munícipes, é uma boa desculpa, já que não propõem atividades participativas, salvo as obrigatórias audiências públicas. Já os cidadãos, que se colocam do outro lado da questão, não participam por não conhecerem seus direitos básicos. E assim, todos ficam confortáveis, uns reclamando no sofá ou nas redes sociais e outros dizendo que estão abertos para ouvir, mas que o povo está cansando de política.
O que esperamos dos planos e políticos? Dos planos que sejam transparentes, verdadeiros, aplicáveis e que atendam as inúmeras necessidades da população local. Dos políticos que tenham compromisso, em  cumprir o que se propuseram, essa  talvez seja uma forma de começar a resgatar alguma credibilidade da classe política. E ainda,  que as temáticas sejam planejadas estrategicamente, e que a gestão seja competente para agir com eficácia e eficiência pelo bem de todos.
Lembrando que os planos de governo são um retrato do que um candidato pretende para o município, pelo menos na teoria. Se não discutirmos as propostas não teremos real ideia sobre o comprometimento do candidato com seu plano. É fundamental, conhecermos as propostas e o que está nas entrelinhas, para avaliarmos a aplicabilidade do plano e propiciarmos discussões e comparativos entre as diversas plataformas.
Nas eleições municipais as discussões são mais intensas, porque as paixões se afloram. O ideal é que o interesse pelas propostas e promessas, também seja aflorado, apesar de não haver punição legal pelo descumprimento de um plano, há uma punição moral, que pode refletir no voto.
Habitualmente, os candidatos não se comprometem com metas de gestão em seus planos de governo, apresentam apenas propostas gerais para gestão do município. E muitas vezes, não abrangem todas as áreas. As vezes, são mais objetivos em temas que apresentam maior interesse da comunidade, ou aquelas áreas de maior afinidade do candidato ou do seu grupo político. Os políticos e suas equipes se furtam de quantificarem metas de atendimento a população,  dizem genericamente, que irão aumentar o número vagas em creches, construindo novas unidades, só não dizem onde e quantas.
Algumas palavras são usadas exaustivamente nos planos, devido sua falta de objetividade, como:  consolidar, ampliar, aperfeiçoar, fortalecer, promover, mas não são transparentes. Quando é um candidato a reeleição ou um candidato da situação, dar continuidade, aprimorar, aperfeiçoar são os temas mais utilizados, já que há uma necessidade de passar a mensagem de que os resultados são bons,  mas que sempre há o que se melhorar. Tem planos de uma página e outros extensos e sem nenhuma, ou quase nenhuma, ação quantificada. Outros com ações que são incoerentes e impraticáveis.  Outro tema recorrente nos plano de governo é o desenvolvimento sustentável, quase sempre de forma vaga, sem propostas objetivas.
Uma boa medida é a participação em todas as reuniões promovidas pelos candidatos, nas quais a construção dos planos de governo sejam discutida,  e posteriormente as de apresentação e detalhamento das metas com base no plano, onde devemos estar atentos a viabilidade das propostas dentro da capacidade orçamentária do município.
Quando os coordenadores de plano dizem que durante a campanha vão aprimorar as ações, e que com a participação da comunidade irão melhorar, me parece que os planos apresentados ao TER são apenas para cumprir as exigências legais, sem que haja qualquer compromisso com  transparência, viabilidade e capacidade orçamentária das ações propostas. Pressupõe-se que o candidato já tenha conhecimento das necessidades da população e condições de definir quais serão suas prioridades. Não há mais espaço para discursos do tipo: “...não tinha conhecimento da situação do município”, seja ela financeira, social, jurídica, se não sabe é porque não está preparado para ser candidato.
O plano de  metas de Juscelino Kubitschek, foi elaborado com base em estudos e diagnósticos realizados desde o inicio da década de 40, por diversas comissões e missões econômicas. O que demonstra que não estamos inventando a roda, se não houver um diagnóstico situacional, o perfil de cada região do município,  consultas a população em geral e aos especialistas de cada área, não há como elaborar um plano de governo detalhado, este é o meu ponto de vista, talvez alguns técnicos prefiram fazer seus planos com base na teoria e plagiando outros, tornando mais simples o trabalho e com grande chance de inaplicabilidade.
Claudia Paschoal


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Plano  de governo, uma ferramenta de planejamento ou conto de fadas?
As eleições municipais estão  chegando, e pelo previsto no artigo 11, § 1º, IX, da Lei Federal 9.504/97 todos os candidatos devem registrar sua plataforma de governo, o famoso plano de governo. Que em linhas gerais serve apenas para compararmos as propostas e o perfil dos candidatos, já que não há obrigatoriedade em cumprir o que se propõe.
Alguns candidatos registram em cartório suas propostas como formar de demonstrar seu comprometimento, o fato é  que legalmente não o obriga a mantê-lo, permitindo que sejam feitas alterações posteriores, que também serão registradas.
O que esperamos?   Que os profissionais que elaboram os planos de governo e seus candidatos, tenham compromisso com a verdade e a transparência e não façam propostas inviáveis. Um bom plano de governo tem foco nas necessidades do município, e não nas intenções individuais ou de grupos de pessoas.
São inúmeros os temas que devem ser contemplados  no planejamento do desenvolvimento local e regional, sempre visando melhorar a qualidade de vida dos munícipes, sempre dentro de uma estratégia de médio e longo prazo, o que extrapola os quatro anos de mandato. No entanto, se o planejamento for apenas para um mandato teremos sempre o cenário atual, onde não há continuidade de ações, de projetos.
Parece bem conveniente para o candidato, já que historicamente, um governo não dá continuidade ao que foi iniciado ou implantado pelo anterior. Exemplificando:  na última administração do Paulo Ramos, a secretaria de saúde deixou aprovado um Programa de Saúde do Trabalhador, através de convênio com o Ministério da Saúde, infelizmente  o programa não foi continuado pelo seu sucessor, Eduardo César,  o que motivou esta descontinuidade? Do meu ponto de vista, a falta de envolvimento da população na definição do planejamento das ações, só a população tem poder para cobrar de seus governantes que programas, projetos sejam mantidos, independente de quem o propôs ou iniciou.
Para que nas eleições de 2016 não tenhamos novos planos de governo desenhados por profissionais descompromissados com as necessidades dos munícipes, que nada conhecem da realidade local, ou que são pseudo intelectuais sem objetividade que apresentam ideias não factíveis, que só enchem os olhos no papel.  Precisamos aprender a exercer os nossos direitos, porque lamentavelmente, temos mais o hábito de reclamar do que de participar de maneira efetiva e constante na condução do município, seja de forma individual ou coletiva.
Os planos de governo dos candidatos a prefeito de Ubatuba em 2012 apresentavam poucas propostas quantificadas. A maior parte fala em ampliar e expandir programas, ou mesmo criar outros, mas sem delimitar metas, como número de unidades de saúde ou de creches a serem construídas. A fala habitual dos coordenadores de plano de governo, é de que o plano de metas será realizado posteriormente, e que estrategicamente, não é interessante divulgar as metas de uma futura administração. O que é interessante é que a população seja informada do que pretende um candidato.

No plano de governo do atual prefeito, Mauricio Moromizato, mantendo a saúde como foco, podemos mencionar a seguinte proposta:  “Buscar a implantação de um Ambulatório Médico de Especialidades que garanta atendimento de média complexidade e melhorar o fluxo de referência e contra referência para procedimentos de alta complexidade em parceria com os governos Estadual e Federal”. Factível? Talvez. Mas, vamos entender o que abrange a tal da “média complexidade”, segundo o Ministério da Saúde, “a média complexidade ambulatorial é composta por ações e serviços que visam atender aos principais problemas e agravos de saúde da população, cuja complexidade da assistência na prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o apoio diagnóstico e  tratamento.

Dentre os grupos que compõem  os procedimentos de média complexidade estão: procedimentos especializados  realizados por profissionais médicos, cirurgias ambulatoriais especializadas, procedimentos traumato-ortopédicos, ações especializadas de odontologia, patologia clinica, radiodiagnóstico, exames ultra sonográficos, próteses e órteses, diagnose entre outros. É evidente que implantar tal serviço demandariam a contratação de profissionais e aquisição de equipamentos, tais como: mamógrafo, tomografia, Raio X, ou a celebração de convênios com empresas privadas. Sabemos que há demanda, a grande questão é se cabe no orçamento do município, não basta propor tem que identificar de onde virão os recursos para aquela ação.

O fato é  que devemos nos preparar, nós comunidade, para analisarmos o que será proposto pelos candidatos e seus planos de governo. O que se espera são planos com propostas coerentes, factíveis, integradas e que tenham sido validadas pela comunidade através de consultas públicas.

Vou continuar com a temática, já que merece nossa especial atenção.
Claudia Paschoal